A pior coisa que a gente pode fazer para os
maus políticos é aprender a votar. Nenhum deles quer que vocês se interessem
por política, todos fazem questão que a gente nem queira saber o que está
acontecendo. Um eleitor consciente, que sabe dos seus direitos e sabe o que
quer é tudo o que os maus políticos odeiam.
Por isso, reunimos algumas dicas que achamos importantes para tentar ajudar o pessoal a fazer justamente aquilo que os corruptos não querem: entender um pouco mais de política e votar
sabendo do que está fazendo.
Não
tem nenhuma outra oportunidade ou lugar em que pobre, rico, milionário,
desempregado, culto, ignorante, esperto e burro sejam tão iguais quanto no
momento do voto.O voto de um cidadão é exatamente igual ao voto do outro, tem o
mesmo peso. E ninguém “dá” esse direito pra gente. A gente adquire esse direito
ao nascer no Brasil ou se naturalizar.
E
para “tirar” da gente esse direito é preciso ter cometido algum crime cuja pena
seja a perda dos direitos políticos.Ou seja, o voto é um dos principais e mais
valiosos bens que a gente tem. Só que nem todo mundo sabe disso ou acredita
nisso.
Para
perceber o valor do voto é só notar como tem gente atrás dele. Como eles gastam
dinheiro para conseguir o nosso voto. Como eles fazem qualquer negócio pelo
nosso voto.
2. A IMPORTÂNCIA DA ELEIÇÃO
Praticamente tudo,
na nossa vida, tem a participação dos políticos. Todas as leis são feitas por
políticos. Da velocidade máxima na estrada ao imposto, da exigência de planta
pra construir a casa à obrigação de andar vestido na rua, tudo, em algum
momento, passou por um parlamento.
No município as leis
são feitas e modificadas na Câmara de Vereadores, no Estado, na Assembléia
Legislativa, no País, na Câmara dos Deputados e no Senado (que formam o
Congresso Nacional). E toda essa gente que mexe com isso está lá falando em
nosso nome. Eleitos e pagos por nós.
E
nas prefeituras, no governo estadual e na presidência da república, os caras
que gerenciam o dinheiro dos impostos e os serviços públicos, os que executam
as tarefas que sejam necessárias para que a vida da gente seja melhor, também
são políticos. E também são todos eleitos e pagos por nós.
Dá
para entender, então, como é importante o momento da eleição: é a única chance
que a gente tem, em geral a cada quatro anos, de tirar quem não trabalhou
direito e de colocar quem parece que nos representa melhor.
3. A IMPORTÂNCIA DESE DAR AO
RESPEITO
Se
eu tenho esse poder, de escolher meu representante e de mantê-lo como meu
representante pelo tempo que eu achar necessário, e o poder de tirá-lo (ou a
ela) de lá assim que sentir que não está trabalhando direito, então não posso
me apequenar. Não posso ficar de cabeça baixa como se não fosse ninguém. Não
posso dar, emprestar ou vender meu voto como se eu fosse um merda qualquer.
Por
acaso você empresta sua mulher pra qualquer um que pedir? Por acaso você deixa
seu marido ir pra noite com qualquer uma que lhe prometa um emprego? Você conta
sua senha do banco pro primeiro que apertar sua mão? Você libera a chave do
carro em troca de um cartão de boas festas?Pois tem gente que entrega o voto em
troca de um aperto de mão, de um cartão de feliz aniversário, de uma promessa
de emprego. Ou de uma dentadura, ou de um sapato. Ou de vinte reais.
E
muitas vezes, no desespero das dificuldades, a gente nem se lembra que é muito
possível que estejamos assim, na pior, porque o voto dos pobres sempre foi dado
em troca de um prato de comida. E enquanto continuar assim, nada muda.
4. A IMPORTÂNCIA DE ENTENDER
A POLÍTICA
De
tanto ver maus políticos roubando e fazendo pouco de nós, é natural que a gente
crie um certo nojo de política. E quando a gente deixa de prestar atenção e se
desinteressa, aí mesmo que a bandidagem engravatada se esbalda: nosso
desinteresse significa que não terão problemas para se reeleger ou para se
eleger.
Eles
também gostam de dizer que política é coisa complicada, que não é pra qualquer
um, que só pessoas “especiais” (eles!) podem se meter em política. E não é nada
disso.Política é uma das coisas mais simples e antigas do mundo. A gente
aprende a fazer política em casa mesmo. Quando o filha quer sair e o pai não
quer deixar, a menina vai conversar com a mãe, explica seus motivos, faz uma
cara de tristinha. A mãe então vai falar com o marido, com um jeito que só ela
tem. E o pai, que é brabo mas não é de ferro, acaba deixando.
O
que aconteceu aí? Um exercício político, uma negociação política. Alguém, em
defesa de seus interesses, tentou e conseguiu modificar a posição de um
opositor, usando argumentos e um aliado, no caso uma aliada. E o grupo com
maior poder (mãe e filha) reverteu a decisão. O pai, politicamente, cedeu para
não perder autoridade e para manter outras posições de prestígio, com a patroa
ou com a filha, com quem poderá se aliar mais adiante. Portanto, não acredite
em quem diz que política é complicada. Ela é trabalhosa, mas não é complicada.
5. A IMPORTÂNCIA DOS
PARTIDOS POLÍTICOS
Na nossa democracia,
a participação da gente no governo começa pelos partidos políticos: não posso
me candidatar a nenhum cargo se não for filiado e indicado por um partido
político. Por isso, não adianta se interessar por política e pela valorização
do voto só às vésperas da eleição.
Em
geral um ano antes da eleição termina o prazo de filiação a um partido político
para quem quer concorrer. Cada partido faz reuniões municipais, estaduais e
nacionais, para escolher e indicar seus candidatos. Isso quer dizer que a
primeira luta política se dá dentro dos partidos. Num partido que tenha “dono”,
que o mandachuva seja o Coronel Fulano, só serão candidatos aqueles que o
“dono” do partido quiser.
Isso
explica a nossa surpresa, quando olhamos a lista de candidatos a vereador ou
deputado, prefeito ou governador e vemos ali umas criaturas que não têm a menor
condição de representar nem uma manada de mulas, quanto mais uma comunidade
complexa como a nossa. É que, como a gente não presta atenção ao processo
político inteiro, e só presta atenção na política na véspera das eleições,
perde a parte que talvez seja a principal: a escolha dos candidatos pelos
partidos.
Há
partidos que não têm “dono”, cujos filiados indicam livremente seus candidatos,
é feita uma votação e os nomes representam de fato o que a maioria do partido
acha que tem de melhor para oferecer. Mas mesmo aí, onde tudo funciona direito,
só votam os filiados, aqueles que participam da vida partidária. Portanto, os
nomes que vão aparecer nas propagandas políticas, os candidatos, não nasceram
das ervas: eles vêm de partidos políticos, indicados com maior ou menor nível
de seriedade.
6. A IMPORTÂNCIA DE FICAR
ESPERTO
Tem
alguns candidatos que são indicados só porque são ricos e os partidos não têm
muito dinheiro para a campanha e precisam que alguém banque as despesas. Tem
outros que são indicados porque já são muito conhecidos e podem garantir um
número grande de votos para o partido (e isso ajuda aos demais candidatos da
mesma legenda.
Nas
campanhas eleitorais, os candidatos mal intencionados não só prometem de tudo,
como prometem coisas que eles não têm a menor condição de cumprir. Por isso,
agora é a época de começar a ficar esperto.
Ninguém resolve
todos os problemas sozinho. Nem o Lula conseguiu, nem o FHC, nem o Amin, nem o
LHS. Muito menos os prefeitos. Ou os vereadores. Não tem como fazer milagre.
Por exemplo, se o sujeito vier prometendo emprego par a todo mundo, não leve a
sério: mais emprego depende do crescimento da economia e de uma série grande de
outros fatores. Ou seja, está prometendo o que não teria como cumprir, mesmo se
quisesse.